De olhos pequenos, de casco sujinho, dou passos bem rápidos, eu sou o Tatuzinho!!!!

Dessa vez quem me visitou na Páscoa não foi o coelhinho, mas sim um lindo tatu!

É não tem como disfarçar a alegria, fiquei muito feliz com esse encontro! Já era final de tarde quando o avistei da varanda do rancho, aquele pontinho marrom correndo por entre todo o pasto queimado. Estava muito revoltada com a queimada que fizeram por lá e isso foi uma injeção de animo. Lógico que de imediato corri para vê-lo de perto, e o espertinho se enfiou na toca e só saia de lá quando eu estava bem longe. Lembrei de um conselho de um colega Biólogo sobre ficar caladinha e não fazer barulho, rsrs. Fiquei a 2 metros da toca do tatu controlando até a respiração para que ele não me ouvisse. Quando ele ia saindo da toca tentava me aproximar e ele virava um tiro para dentro do buraco. Ai decidi ficar bem pertinho da abertura da toca pra não ter que me movimentar quando ele saísse. DEU CERTO! Os tatus são quase cegos, mas escutam maravilhosamente bem, mas como eu estava bem caladinha (coisa rara) ele nem percebeu que eu estava lá! Assim como escutam bem, seu olfato é extremamente aguçado! Ele cheirava o tempo todo!

Foto: Thaiane Abrascio Porfírio - Momento mágico 

Esses animais cavam suas próprias tocas para viverem, reproduzir e encontrarem alimentos como pequenos invertebrados, frutas, às vezes carniças (não devemos ter nojo, mas agradecimento por eles fazerem essa limpeza!) e até pequenos vertebrados como anuros (sapos, pererecas e rãs), aves e roedores. Esse daí adora um abacate, encontrei vários pelo chão, parcialmente devorados! Esse amiguinho ai, não tenho certeza, mas parece ser um Tatu-peba, comum no biomas da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos. Ao contrário de alguns tatus que quando alarmados cavam tocas para se esconderem de possíveis predadores, a primeira reação de defesa do tatu-peba é correr, e pode morder quando é capturado, mas normalmente é muito dócil. Assim que encontra a toca mais próxima, o tatu-peba não hesita em entrar neste refúgio para se livrar de qualquer situação de perigo, por exemplo, eu lá o atormentando.

Tem gente que fala que tatu fede. Bom, não sei se foi a emoção, mas particularmente não senti nada. Esse cheiro que algumas pessoas sentem pode ser por causa das glândulas que esses animais possuem na parte de traz do casco, elas soltam uma substância com cheiro bem forte que fixa nas paredes dos túneis conforme o tatu transita por elas, e servem para marcar território e também na reprodução deles.

  

Eles vivem sozinhos, exceto no período de reprodução. A gestação deles dura cerca de 60 a 65 dias e nascem de 1 a 3 filhotes com 95 e 115 g. Os filhotes atingem a maturidade em torno de nove meses. Machos e fêmeas não apresentam diferenças corporais, apenas nas genitálias. O tatu macho apresenta um dos pênis mais longos dentre os mamíferos, estendendo-se até cerca de 2/3 do comprimento do corpo. O tatu vive em média 12 anos, mas um individuo desta espécie viveu em cativeiro por 18 anos e dez meses. Espero ver o tatu do meu rancho muitas vezes comendo abacates e alegrando a paisagem !!!

Infelizmente muitas pessoas matam os tatus para comê-los. Nada contra, se você estiver passando fome e a única coisa que passar a sua frente for um tatu. Incrível né, debaixo daquele casco rígido, que fez com que ele nem sentisse que eu estava passando a mão nele, tem uma carne muito macia. Os argumentos para matarem geralmente são que são fedidos, de que estragam o terreno com suas tocas, destroem o gramado, que o gado tropeça nos buracos e outras.Não matamos os tatus apenas diretamente, mas eles também morrem devido ao desmatamento e a expansão das áreas de agricultura e atropelamentos nas estradas.

Foto: Thaiane Abrascio Porfírio

Quem não fica encantado vendo essas fotos? Que carinha mais fofa! E ele ainda fazia pose! Não via o flash então aproveitei do nosso modelo, tirei muiiiitas fotos.

Alguns lembretes:

- Quando ver uma toca NUNCA coloque a mão ou pé ou mesmo se aproxime de mais se não estiver vendo o que tem lá. Muitos animais usam as tocas antigas de tatu como refúgios, entre esses estão sapos, lagartos, ninhos de vespas e cobras.

- Quando vir alguém colocando fogo em terrenos ou em locais que ofereçam qualquer tipo de risco, DENUNCIE imediatamente!

Quer saber mais sobre o tatu?

MEDRI, Ísis Meri. Ecologia e História Natural do Tatu-peba, Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758), no Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul. Brasilia 2008.

Disponível em: http://www.cpap.embrapa.br/teses/online/TSE32.pdf